O sistema de alimentação do motor de aeronaves tem a função de fornecer a mistura ar-combustível ao motor nas condições ideais de pressão e temperatura, essenciais para a combustão eficiente e o desempenho confiável. Este sistema é geralmente dividido em três partes principais:
Sistema de Indução Este subsistema é responsável por admitir o ar externo, filtrá-lo e conduzi-lo até os cilindros do motor. Ele garante que o fluxo de ar seja adequado em quantidade e qualidade, ajustando-se às condições ambientais e à carga do motor.
Sistema de Superalimentação O objetivo deste sistema é aumentar a pressão do ar admitido nos cilindros, geralmente por meio de um compressor acionado pelo próprio motor (superalimentador) ou por um sistema turbocompressor. A maior densidade do ar permite que mais combustível seja queimado, resultando em maior potência do motor, especialmente em altitudes elevadas, onde a densidade do ar é naturalmente menor.
O sistema de alimentação de motores aeronáuticos é uma parte fundamental para garantir o funcionamento eficiente e seguro das aeronaves. Ele é responsável por fornecer a mistura adequada de ar e combustível ao motor, em condições ideais de pressão e temperatura.
Este post detalha os principais componentes e sub-sistemas envolvidos no processo de alimentação, indução e superalimentação do motor, além dos mecanismos de controle de potência e formação de mistura. A compreensão desses sistemas é essencial para pilotos e engenheiros aeronáuticos, pois impacta diretamente o desempenho e a segurança das operações aéreas.
O sistema de alimentação de uma aeronave desempenha um papel fundamental no fornecimento da mistura ar-combustível necessária para o motor funcionar adequadamente. Vamos analisar cada uma das três partes que compõem esse sistema:
1.1 Sistema de Indução: Essa parte do sistema é responsável por admitir o ar externo, filtrá-lo e aquecê-lo antes de direcioná-lo para os cilindros do motor. O ar é admitido através de um bocal de admissão na carenagem do motor, passando por um filtro que retém impurezas indesejáveis. Em seguida, o ar filtrado é aquecido e direcionado para o sistema de formação de mistura. Esse processo garante que o ar esteja limpo e na temperatura ideal para a mistura com o combustível, contribuindo para uma combustão eficiente.
1.2 Sistema de Formação de Mistura: Nessa etapa, o ar previamente admitido, filtrado e aquecido é misturado com o combustível. Existem dois principais métodos de formação de mistura: carburação e sistema de injeção. A mistura ar-combustível deve estar dentro de uma faixa específica de proporção para garantir uma queima eficiente no motor. A formação correta da mistura é essencial para o desempenho e eficiência do motor.
1.3 Sistema de Superalimentação: O sistema de superalimentação tem como objetivo aumentar a pressão do ar admitido à medida que a aeronave sobe em altitude. Isso é necessário devido à rarefação do ar em altitudes elevadas. Em motores superalimentados, o ar é comprimido antes de ser enviado para a formação da mistura, garantindo um suprimento adequado de ar para o motor em diferentes condições de voo. Esse aumento de pressão ajuda a manter o desempenho do motor mesmo em altitudes elevadas.
O sistema de indução desempenha um papel crucial no processo de admissão, filtragem, aquecimento e distribuição do ar aos cilindros do motor. Vamos analisar as partes básicas desse sistema, conforme ilustrado:
3. Aquecimento do Ar de Admissão: O aquecimento do ar de admissão desempenha um papel crucial na prevenção da formação de gelo no carburador, especialmente em condições de tempo frio e úmido. Vamos analisar como esse processo funciona quando o comando do ar quente é acionado, conforme ilustrado:
No controle da potência de um motor, a válvula de ar, conhecida como borboleta, desempenha um papel fundamental. Vamos analisar como esse controle ocorre e como a pressão no coletor de admissão varia de acordo com a posição da borboleta:
Marcha Lenta: Quando o motor está em marcha lenta, a borboleta fica quase totalmente fechada, permitindo apenas uma quantidade mínima de ar ser admitida. Isso resulta em uma baixa pressão no coletor de admissão, devido à sucção gerada pelos pistões durante os tempos de admissão. Com a borboleta quase fechada, a quantidade de ar admitida é controlada para manter o motor funcionando em uma rotação baixa e estável.
Potência Total: Ao acionar a manete para a posição de potência total, a borboleta se abre completamente. Isso permite que uma quantidade máxima de ar seja admitida no motor. Com a borboleta totalmente aberta, a pressão no coletor de admissão volta ao normal, tornando-se quase igual à pressão atmosférica ao nível do mar, que é de 760 mm ou 29,92 polegadas de mercúrio. Nesse ponto, o motor está recebendo a máxima quantidade de ar possível para produzir a potência máxima disponível.
O sistema de superalimentação desempenha um papel fundamental na manutenção da potência do motor de uma aeronave à medida que ela ganha altitude e a densidade do ar diminui. Vamos analisar como esse sistema funciona e como ele evita a perda de potência do motor.
O manômetro de pressão de admissão desempenha um papel crucial ao indicar a pressão no coletor de admissão, permitindo que o piloto monitore e controle essa pressão para mantê-la dentro dos limites permitidos. Vamos analisar como esse manômetro funciona e por que motores não superalimentados não necessitam desse equipamento.
A altitude crítica é um ponto crucial em que o compressor do motor se torna incapaz de manter a pressão de admissão necessária para o funcionamento adequado do motor, resultando na perda de potência. Vamos analisar como isso ocorre e por que a altitude crítica é um fator determinante para o desempenho do motor.
9. ACIONAMENTO DO COMPRESSO
O acionamento do compressor em um motor pode ocorrer de duas formas distintas: por meio do motor ou por uma turbina. Vamos analisar como cada um desses métodos funciona:
Compressor Acionado pelo Motor: Nesse método, o compressor é acionado diretamente pelo motor por meio de engrenagens. As engrenagens aumentam a rotação do compressor, que consome potência do motor para comprimir o ar admitido. Apesar do consumo de potência pelo compressor, o aumento resultante na potência do motor compensa essa perda. O compressor acionado pelo motor é eficaz em fornecer ar comprimido para a mistura ar-combustível, garantindo um desempenho adequado do motor.
Turbocompressor ou Turboventoinha: Em um motor turboalimentado, o compressor é acoplado a uma pequena turbina que aproveita a energia dos gases de escapamento do motor. Essa turbina é acionada pelos gases de escapamento, que geram energia para girar o compressor. O conjunto turbocompressor pode atingir velocidades de rotação superiores a 70 mil RPM, garantindo uma compressão eficiente do ar admitido.
Esse método de acionamento é altamente eficaz em aumentar a potência do motor, aproveitando a energia dos gases de escapamento para comprimir o ar e melhorar o desempenho geral do motor.
A superalimentação em motores apresenta diversos efeitos secundários que devem ser considerados durante a operação. Um desses efeitos é o aquecimento do ar de admissão, que ocorre devido à compressão do ar pelo compressor, o que pode dificultar o trabalho do mesmo. Para contornar esse problema, muitas vezes é utilizado um radiador especial chamado “intercooler” para resfriar o ar, o que contribui para aumentar a potência do motor.
Além disso, o aumento da temperatura do motor é outro efeito secundário da superalimentação. Isso acontece porque o motor superalimentado consome mais ar e combustível, gerando mais calor. Portanto, é necessário prestar maior atenção ao superaquecimento do motor para evitar danos.
Outro ponto a se considerar é o aumento da solicitação mecânica do motor. Com o aumento da potência, as pressões e esforços mecânicos no motor também aumentam, o que pode reduzir o TBO (Time Between Overhauls – tempo entre revisões gerais) se os limites de temperatura do óleo e pressão de admissão não forem observados de forma adequada.
Nos motores turbocomprimidos, é comum encontrar a válvula conhecida como “waste gate”, que tem a função de evitar a compressão excessiva do ar. Essa válvula desvia os gases da entrada da turbina diretamente para o tubo de escape, evitando danos ao sistema. A waste gate pode ser manual ou automática, dependendo do projeto e da necessidade de controle do sistema de superalimentação.
O sistema de formação de mistura é responsável por dosar as quantidades de ar e gasolina na mistura que será utilizada no motor. Existem três processos principais utilizados para esse fim: carburação, injeção indireta e injeção direta.
Carburação: No caso da carburação, a mistura é formada em um carburador, que pode ser de dois tipos: carburador de sucção e carburador de pressão.
Carburador de Sucção: No carburador de sucção, que é o tipo convencional, o combustível é aspirado pela baixa pressão criada pelo próprio fluxo de ar que é aspirado pelo motor. Ou seja, o combustível é puxado para dentro do carburador devido à diferença de pressão gerada pelo movimento do ar.
Carburador de Pressão: no carburador de pressão, o combustível é pulverizado através da pressão de uma bomba que está situada antes do carburador. Nesse caso, o combustível é forçado para dentro do carburador sob pressão, o que garante uma dosagem mais precisa e controlada da mistura ar/combustível.
Injeção Indireta: Na injeção indireta, o combustível é pulverizado por um ou mais bicos injetores que estão localizados nos dutos de admissão, antes das válvulas de admissão dos cilindros. Isso significa que o combustível é injetado na entrada do cilindro, misturando-se com o ar antes de entrar na câmara de combustão. Essa mistura ar/combustível é então comprimida e inflamada pela centelha das velas de ignição, resultando na queima e na geração de energia para movimentar o motor.
Injeção Direta: Na injeção direta, o combustível é pulverizado diretamente dentro das câmaras de combustão de cada cilindro. Isso significa que o combustível é injetado diretamente no interior do cilindro, sem passar pelos dutos de admissão. Essa técnica permite uma maior precisão no controle da mistura ar/combustível, pois o combustível é injetado diretamente no local onde ocorrerá a queima, resultando em uma combustão mais eficiente e completa.
A eficiência e a segurança dos motores aeronáuticos dependem diretamente do funcionamento adequado do sistema de alimentação. Desde a admissão e aquecimento do ar até a superalimentação e formação da mistura, cada componente desempenha um papel crucial.
O conhecimento detalhado sobre esses sistemas permite uma operação otimizada e a mitigação de potenciais problemas, como a formação de gelo no carburador ou a perda de potência em altas altitudes. Portanto, é imprescindível que os profissionais da aviação estejam bem informados sobre os princípios e a manutenção desses sistemas para garantir voos seguros e eficientes.