fbpx

O funcionamento seguro e eficiente de uma aeronave depende de uma série de sistemas complexos que operam em conjunto para garantir a segurança e o conforto de passageiros e tripulantes.

Entre esses sistemas, destacam-se aqueles responsáveis pela iluminação, degelo, calefação, refrigeração, pressurização, fornecimento de oxigênio, atuação pneumática e controle automático de voo.

Cada um desses sistemas desempenha um papel fundamental no desempenho da aeronave, especialmente em condições adversas e durante fases críticas do voo. Este post explora em detalhes esses sistemas essenciais, fornecendo uma visão abrangente sobre sua importância e funcionamento.

Sistema de Iluminação Aeronáutica

O sistema de iluminação de uma aeronave é dividido em duas categorias principais: iluminação interna e externa.

A iluminação interna é projetada para fornecer visibilidade adequada dentro da cabine, bem como nos painéis de instrumentos, incluindo luzes integradas nos próprios instrumentos, garantindo que a tripulação possa operar a aeronave com segurança em condições de baixa luminosidade.

Fonte: Livro Aeronaves e Motores – Conhecimentos Técnicos de Avião – Jorge M. Homa

Por outro lado, a iluminação externa é fundamental para a navegação e segurança durante o voo. As luzes obrigatórias incluem:

Farol de Pouso: Essencial para iluminar a pista durante as operações de pouso, proporcionando visibilidade adequada ao piloto.

Farol de Táxi: Montado no trem de pouso do nariz, este farol ilumina a pista durante as operações de taxiamento, permitindo uma navegação segura em solo.

Luzes de Navegação: Estas são compostas por três luzes fixas (branca, verde e vermelha) instaladas em locais específicos da aeronave. A luz branca é visível a partir da parte traseira da aeronave, enquanto as luzes verde e vermelha são posicionadas nas extremidades das asas, auxiliando na determinação da posição e orientação da aeronave em voo.

Luzes Anticolisão: São luzes rotativas vermelhas ou estroboscópicas brancas que podem ser instaladas em diferentes pontos da aeronave, como nas extremidades das asas ou no topo da deriva. Estas luzes são cruciais para evitar colisões em voo, tornando a aeronave visível para outras aeronaves em proximidade.

Vale destacar que algumas aeronaves podem operar sem um sistema de iluminação, mas essas estão sujeitas a várias restrições devido à ausência desse sistema, o que pode impactar diretamente na segurança das operações aéreas.

Sistema Antigelo em Aeronaves

O sistema antigelo em aeronaves é crucial para prevenir e remover a formação de gelo, que pode ocorrer em diversas partes da aeronave sob certas condições meteorológicas adversas.

a) Bordos de Ataque das Asas e da Empenagem: Nessas áreas, a formação de gelo pode modificar o perfil aerodinâmico, resultando em uma diminuição do desempenho e comprometimento da estabilidade da aeronave.

Para remover o gelo, são utilizados métodos como o aquecimento dos bordos de ataque por meio de ar quente, resistências elétricas, ou “botas” pneumáticas infláveis, que quebram a camada de gelo formada.

Fonte: Livro Aeronaves e Motores – Conhecimentos Técnicos de Avião – Jorge M. Homa

b) Hélice: A acumulação de gelo na hélice altera o perfil aerodinâmico das pás e o seu balanceamento. Para realizar o degelo, utiliza-se resistências elétricas instaladas no bordo de ataque das pás ou a aplicação de líquido anticongelante.

c) Para-brisa: O degelo do para-brisa pode ser realizado através de resistências elétricas embutidas entre as camadas de vidro ou pela aspersão de líquido anticongelante.

d) Tubo de Pitot: O Tubo de Pitot é equipado com uma resistência elétrica interna que deve ser ativada preventivamente em condições meteorológicas adversas para evitar a obstrução causada por água condensada ou gelo.

e) Carburador: Como já abordado anteriormente, o degelo no carburador é efetuado através do aquecimento do ar de admissão do motor.

É importante destacar que o degelo em asas ou através da aspersão de líquido anticongelante não é realizado preventivamente para evitar o consumo excessivo de energia e material (como o anticongelante) ou a deterioração das “botas”.

Nestes casos, o degelo é aplicado somente após a detecção da presença de gelo. Uma medida preventiva eficaz é de natureza operacional: evitar o voo em altitudes ou áreas propensas à formação de gelo.

Detecção de Gelo

A identificação de gelo durante o voo pode ser realizada tanto por observação visual quanto pela percepção de sintomas, como vibrações anormais, diminuição da performance da aeronave, e leituras atípicas nos instrumentos de bordo.

Devido à complexidade e aos desafios inerentes a esse procedimento, aeronaves mais modernas estão equipadas com sistemas automatizados de detecção de gelo, que aumentam a segurança e a eficácia na identificação precoce dessas condições adversas.

Sistema de Calefação

O sistema de calefação em aeronaves leves utiliza o calor gerado pelos gases de escapamento para aquecer a cabine, funcionando de maneira semelhante ao sistema de aquecimento do ar para o carburador. Nessas aeronaves, existem controles específicos para a entrada de ar (“Cabin Air”) e para a regulação do aquecimento (“Cabin Heat”).

Em aeronaves a jato, o ar quente e comprimido proveniente dos compressores dos motores, conhecido como ar de sangria, é aproveitado para a calefação da cabine, proporcionando um ambiente interno confortável e seguro.

Sistema de Refrigeração

O sistema de refrigeração é projetado para reduzir a temperatura do ar na cabine, sendo geralmente integrado ao sistema de ar-condicionado da aeronave. Existem dois principais tipos de sistemas de refrigeração utilizados: o sistema de refrigeração por ciclo a vapor e o sistema de refrigeração por ciclo a ar.

Cada um desses métodos emprega processos distintos para garantir um ambiente interno agradável e seguro, independentemente das condições externas.

Sistema de Refrigeração por Ciclo de Vapor

Este mecanismo é similar ao empregado em refrigeradores domésticos e fundamenta-se no resfriamento que ocorre quando um líquido se transforma em vapor. O fluido refrigerante mais comumente utilizado é o R-134a (tetrafluoretano), que substituiu o antigo Freon, atualmente proibido devido aos seus efeitos prejudiciais à camada de ozônio na atmosfera.

Fonte: Livro Aeronaves e Motores – Conhecimentos Técnicos de Avião – Jorge M. Homa

Refrigeração por Ciclo a Ar

O sistema de refrigeração por ciclo a ar é amplamente utilizado em aeronaves equipadas com motores a reação, aproveitando o ar comprimido que é extraído dos compressores desses motores. O princípio de funcionamento deste sistema está baseado no resfriamento que ocorre quando o ar comprimido é submetido à descompressão.

É importante destacar que a extração de ar, também conhecida como sangria, resulta em uma ligeira redução da potência do motor. Por essa razão, o sistema de refrigeração por ciclo a ar é normalmente desativado durante a fase crítica de decolagem, garantindo que a potência total do motor seja direcionada para o voo.

Sistema de Pressurização

O sistema de pressurização tem como objetivo principal prevenir os efeitos adversos da falta de oxigênio no corpo humano, que são causados pela elevada altitude de voo.

Fonte: Livro Aeronaves e Motores – Conhecimentos Técnicos de Avião – Jorge M. Homa

Sistema de Ar-Condicionado

O sistema de ar-condicionado em aeronaves é responsável pelo controle ambiental completo dentro da cabine, integrando de forma eficiente os sistemas de calefação, refrigeração e pressurização, discutidos anteriormente.

Sistema de Oxigênio

O sistema de oxigênio é essencial para compensar a deficiência de oxigênio em voos realizados em altitudes elevadas.

Existem tanto sistemas portáteis quanto fixos, que são especialmente importantes em aeronaves pressurizadas para serem utilizados em situações de despressurização.

Esses sistemas garantem a segurança e a saúde dos passageiros e tripulantes em condições onde o nível de oxigênio na cabine pode se tornar insuficiente.

Sistemas Portáteis de Oxigênio

Os sistemas portáteis de oxigênio são compostos por um cilindro de oxigênio, reguladores e as respectivas máscaras. Estes sistemas são vitais para a segurança em voo, especialmente em situações de emergência ou quando a despressurização ocorre.

Fonte: Livro Aeronaves e Motores – Conhecimentos Técnicos de Avião – Jorge M. Homa

a) Cilindro – Os cilindros de oxigênio podem ser de alta pressão, geralmente na cor verde, com uma pressão em torno de 1800 psi, ou de baixa pressão, na cor amarela, com cerca de 450 psi. Alternativamente, geradores químicos de oxigênio podem ser utilizados em vez dos cilindros tradicionais.

b) Regulador – Os reguladores são responsáveis por controlar o fluxo de oxigênio. Eles podem ser do tipo fluxo contínuo ou por demanda, fornecendo oxigênio apenas durante a inspiração. Existem também reguladores que administram oxigênio puro ou oxigênio diluído com ar, dependendo da necessidade.

c) Máscara – As máscaras para oxigênio puro são projetadas com aberturas para permitir a diluição com ar, enquanto as máscaras para oxigênio diluído são projetadas para se adaptar hermeticamente ao rosto.

É essencial que o sistema seja ajustado para fornecer a quantidade adequada de oxigênio através de cada máscara, em qualquer altitude de cabine, garantindo a entrega de oxigênio puro em altitudes extremas.

Sistemas Fixos de Oxigênio

Os sistemas fixos de oxigênio consistem em cilindros e geradores de oxigênio instalados permanentemente na aeronave. Esses sistemas são equipados com reguladores e uma rede de distribuição que conecta as máscaras localizadas estrategicamente na cabine.

Em aeronaves comerciais pressurizadas, as máscaras de oxigênio destinadas aos passageiros são projetadas para cair automaticamente sobre cada assento no caso de uma despressurização da cabine.

Essa resposta automática é crucial para garantir que todos a bordo tenham acesso imediato ao oxigênio necessário para manter a segurança e a saúde em situações de emergência.

Sistema Pneumático

O sistema pneumático é utilizado para acionar mecanicamente diversos componentes em uma aeronave. Este sistema é composto principalmente por um compressor de ar, um reservatório e uma linha de distribuição. Além disso, inclui outros componentes menores, como válvulas, manômetros e reguladores.

O sistema pode ser projetado para operar com pressões elevadas, em torno de 3000 psi, garantindo a eficiência e a confiabilidade na operação dos componentes aeronáuticos.

Em alguns casos, o sistema pode ser configurado para trabalhar com duas ou mais pressões diferentes, atendendo a necessidades específicas de diferentes acessórios, como o motor pneumático utilizado em diversas funções da aeronave.

Fonte: Livro Aeronaves e Motores – Conhecimentos Técnicos de Avião – Jorge M. Homa

Características do Sistema Pneumático

a) A energia do ar comprimido é distribuída e armazenada em todo o sistema, inclusive nas tubulações, devido à sua característica de compressibilidade.

b) Comparado ao sistema hidráulico, o sistema pneumático é mais simples e leve, uma vez que o ar possui baixa densidade e não requer uma linha de retorno, sendo liberado diretamente após o uso.

c) Devido à compressibilidade do ar, o sistema pneumático tende a apresentar menor precisão.

d) A invisibilidade do ar torna a detecção de vazamentos mais difícil, o que pode comprometer a confiabilidade do sistema. No entanto, isso pode ser mitigado pelo uso de um sistema pneumático de emergência, utilizando ar, nitrogênio ou dióxido de carbono comprimido.

Piloto Automático

O piloto automático é um sistema projetado para manter a aeronave em uma trajetória previamente determinada, realizando automaticamente determinadas manobras conforme necessário.

Fonte: Livro Aeronaves e Motores – Conhecimentos Técnicos de Avião – Jorge M. Homa

Funcionamento do Sistema de Piloto Automático

O sistema de piloto automático é composto por quatro elementos principais, que operam de maneira integrada para garantir a estabilidade e o controle da aeronave:

a) Sensor ou Instrumento: Este componente é responsável por fornecer ao computador informações cruciais sobre o estado da aeronave. Por exemplo, a bússola indica a direção magnética, enquanto o altímetro fornece dados sobre a altitude.

b) Controlador do Piloto Automático: Através deste dispositivo, o piloto humano comunica suas intenções ao sistema, como a seleção de uma altitude específica que deseja manter durante o voo.

c) Computador: Este é o núcleo do sistema, onde ocorre a análise das informações. O computador compara os dados recebidos dos sensores ou instrumentos com as instruções fornecidas pelo controlador.

Por exemplo, se o altímetro indica que a aeronave está a 7.900 pés de altitude, mas o controlador foi ajustado para 8.000 pés, o computador identifica essa discrepância e envia comandos para ajustar a altitude, acionando o servo do profundor para elevar a aeronave, além de ajustar a potência do motor, de forma semelhante à atuação de um piloto humano.

d) Servo: Este componente executa as ações mecânicas determinadas pelo computador, realizando ajustes nos controles da aeronave conforme necessário.

Existem diversos tipos de pilotos automáticos disponíveis, variando desde modelos mais simples, que apenas mantêm a atitude da aeronave, até sistemas avançados, capazes de realizar um pouso completo sem a intervenção do piloto.

Entretanto, independentemente do nível de sofisticação do sistema, a autoridade final sempre permanece com o piloto humano, que pode intervir a qualquer momento.

Os sistemas abordados neste post são vitais para garantir a segurança e a eficiência operacional das aeronaves, proporcionando um ambiente controlado e seguro tanto para a tripulação quanto para os passageiros.

Desde a iluminação que assegura visibilidade e navegação adequadas, até os sistemas de oxigênio e piloto automático, cada componente é projetado para enfrentar os desafios únicos da aviação.

O entendimento profundo desses sistemas não apenas aprimora a segurança das operações aéreas, mas também capacita os profissionais da aviação a operar com maior confiança e precisão, garantindo que cada voo seja realizado dentro dos mais altos padrões de segurança e desempenho.